Entenda a ação da inflação na prática

O aumento dos preços de itens alimentícios, combustíveis, de tecnologia, entre outros produtos essenciais, tem assombrado a população brasileira nos últimos meses. Muitas vezes não entendemos por que isso está acontecendo de forma constante, mas vale lembrar que tudo está sendo calculado, medido e comparado regularmente pelos índices da inflação, como veremos adiante.

Em suma, nosso bolso está sofrendo os efeitos gerados pela pandemia de covid-19, pelo aumento da cotação do dólar e dos preços de matérias-primas, sendo esse último causado pelas irregularidades nas cadeias de produção e de logísticas, que também afetam o consumo e fabricação de produtos em geral.

A seguir, vamos apresentar alguns conceitos básicos para compreensão dos fatores que estão gerando o aumento dos preços no Brasil.

O que é inflação?

A inflação pode ser definida como o aumento generalizado do nível de preços em um determinado período.

O Conselho Monetário Nacional (CMN), do Banco Central (BC), estipula metas para a inflação anualmente. A meta para o ano de 2021 é de 3,75%, admitindo no máximo 5,25% e no mínimo 2,25%, entretanto, de acordo com o mercado nacional, a expectativa para a inflação aumentou para 8,35% neste ano. Isso significa que quanto maior a taxa da inflação, maior foi o aumento de preços dos produtos e serviços na economia.

Qual índice mede a inflação?

A inflação pode ser medida por vários índices de preços, feito por diferentes instituições e metodologias. Cada uma pode mensurar os valores dos diversos setores e segmentos específicos da economia. Porém, o índice oficial de inflação brasileiro é o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA).

O IPCA calcula a inflação mês a mês, por meio da análise e comparação dos preços de produtos presentes na cesta de bens e serviços. Esta, por sua vez, é definida pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a POF verifica o que a população consome e quanto do rendimento familiar é gasto em cada produto como: arroz, feijão, passagem de ônibus, lazer, entre outros.

Ainda segundo o IBGE, a pesquisa mensal é realizada em 13 áreas urbanas do país, com aproximadamente 430 mil preços, em 30 mil locais. Neste contexto, o IPCA avalia a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários-mínimos.

O que é taxa Selic e como ela atua no controle da inflação?

A Selic é a taxa básica de juros da economia e é o principal instrumento de Política Monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação.

O Comitê de Política Monetária (Copom), que é o responsável por analisar os fatores e estabelecer a taxa Selic, toma suas decisões conforme as expectativas de inflação, o balanço de riscos e a atividade econômica. Suas reuniões são realizadas a cada 45 dias. E o BC, por meio do Copom, define a taxa Selic visando o cumprimento da meta para a inflação.

Gabriela Fernandes, analista de economia do Sicoob Engecred, afirma que a movimentação da taxa Selic pode ser entendida como uma consequência da inflação. “Como ela [Selic] é um instrumento que o Banco Central utiliza para combater a inflação, à medida que a inflação aumenta, a taxa Selic também tende a aumentar, mas elas não são o mesmo índice. É uma relação de causa e consequência”, explica.

Mas por que os preços aumentaram?

Geralmente, o aumento dos preços ocorre quando existe uma demanda maior do que a oferta de um produto ou serviço específico. Em concordância ao fato, a analista de economia pondera que “no cenário atual, podemos dizer que um dos motivos por trás da inflação é o aumento da atividade econômica mundial, na retomada após o período mais severo da pandemia de covid-19, o que fez com que as demandas acelerassem ao mesmo tempo em que a estrutura econômica como um todo ainda está se recuperando”.

Ou seja, ocorre um descasamento entre os movimentos de oferta e demanda e, assim, a alta demanda com oferta limitada no mercado influencia para o aumento dos preços.

Outra grande influência para a alta da inflação é o dólar. O Brasil exporta commodities, produtos de origem agropecuária ou de extração mineral com pouca industrialização, e importa produtos industrializados como máquinas, peças, celulares, entre outros, que costumam ter maior valor agregado do que os itens exportados. Assim, a economia fica suscetível à variação do dólar, uma vez que as negociações no mercado internacional são feitas com essa moeda.

Como controlar a inflação?

Quando temos uma inflação tão alta e acelerada como a que estamos vivendo, o Banco Central toma medidas para que esse processo seja contido por meio da Política Monetária. No momento, conforme a analista em economia, a providência que está sendo tomada é o aumento da taxa Selic.

Ela explica que, quando a taxa Selic é aumentada, os custos de crédito também sobem, ou seja, fica mais custoso para financiar essa atividade econômica.

“Para movimentar de fato a economia, precisa-se de crédito. E à medida que se aumenta o custo do crédito, ou seja, a taxa Selic, quer dizer que fica mais difícil de contrair empréstimos e, consequentemente, a atividade econômica do país tende a desacelerar”, enfatiza Gabriela. Desta forma, diminuindo o poder de compra da população, a então relação conflituosa de oferta e demanda tende a se equilibrar.

Outra forma de combater a inflação é por meio da Política Fiscal, ou seja, controlar os gastos do governo. O analista financeiro Caio Cobo pontua que o controle dos gastos do governo, com redução dos investimentos públicos e aumento a arrecadação, entre outras ações de contenção financeira, é uma forma de controlar a inflação. “Assim, é possível diminuir a emissão de moeda e, consequentemente, desaquecer a economia”, conclui.

Existe perspectiva de melhora da inflação?

O Copom está trabalhando para trazer a inflação de volta para a meta, sendo 3,5% em 2022 e 3,25% em 2023.

Diante da atual realidade, Gabriela Fernandes afirma que “a perspectiva para 2021 é de intensificação para a inflação […], mas à medida que a taxa Selic for aumentando, ela [inflação] tende a ficar mais controlada. Medidas estão sendo tomadas pelo BC para que melhore”.

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